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Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial

por Instituto Metodista Izabela Hendrix — publicado 20/03/2015 05h00, última modificação 15/12/2015 16h18

Inicio este breve texto com a recordação de uma situação que vivenciei ainda na infância. Quando eu tinha cinco anos de idade, estava feliz com as novidades da escola, amigos/as e professora. Tudo era muito bom! Quando chegou o mês de junho, começamos os ensaios para a “quadrilha”. Eu estava animada e feliz, pois teria um novo vestido, chapéu, poderia usar maquiagem, estava tudo bem. No primeiro ensaio, percebi que havia algo errado, nenhum dos meninos da minha classe queria dançar comigo. A professora tentou conversar com vários deles, mas nenhum aceitou. Um inclusive chegou a gritar: mas ela é negrinha! O tempo parou ali. Todos me olharam e ninguém disse nada. No momento eu fiquei sem entender e confesso que senti que realmente havia alguma coisa muito errada comigo. Eu não era igual às outras crianças? Até então, não tinha percebido isso. A professora discretamente arranjou uma menina para ser meu par e eu dancei com minha roupinha de caipira e, sem entender, acreditei que tudo aquilo era normal.

Depois de anos, paro e reflito, normal!? Como assim? Fui tratada com diferença por não ter o mesmo tom de pele que as minhas amigas? Isso não foi normal, não é e não pode ser! Infelizmente, muitos fatos como este se repetem diariamente no Brasil e no mundo: crianças, jovens, mulheres e homens são tratados com diferença simplesmente por causa da cor da pele morena, escura, preta... como dizem por aí.  

A ONU instituiu o dia 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. Este dia também marca o Massacre de Sharpeville, em Joanesburgo, na África do Sul, onde negros e negras de diversas idades foram assassinados sem compaixão, durante o regime do Apartheid. É triste constatar que ainda hoje, em 2015, o ser humano precisa combater este tipo de discriminação. A intolerância ao diferente existe e é bem real. Desagradam-me os argumentos de que não existem diferenças, que somos todos iguais e  que não precisamos falar mais sobre este assunto. Não! Não somos iguais!  Somos diferentes, basta olhar! Mas o que precisamos é enxergar a diferença, aceitá-la e, mais do que isso, não usá-la como desculpa para o tratamento diferenciado, para recusas e, pior, para a violência tão presente e implacável.

Que seja este um tempo de reflexão, de mudança e de recomeço. A Pastoral Universitária e Escolar, assim como a Igreja Metodista, posicionam-se contra a discriminação racial. Que o nosso Deus criador e criativo, que nos fez com toda essa riqueza e diversidade, nos inspire à mudança no olhar, no pensar e no agir. Que Ele esteja conosco sempre!


NEGRA ASSIM

SER NEGRA É RUIM?
PARA ALGUNS SIM.
EU VEJO MUITA BELEZA
NESTES TRAÇOS EM MIM.

SOU NEGRA E SOU BELA,
MINHA PELE NÃO É BRANCA NEM AMARELA.

MEUS CABELOS SÃO ENROLADINHOS
E FORMAM LINDOS CACHINHOS.

NÃO QUERO MUDAR, MUITO MENOS ALISAR,
COMO NASCI QUERO CONTINUAR.

DEUS ME CRIOU ASSIM:
MORENA,  PRETA, NEGRA, ENFIM
COM UM PEDACINHO DA ÁFRICA EM MIM.

Elaine Cezar da Silva Moreira
Pastoral Universitária e Escolar da Universidade Metodista de São Paulo