Izabela Hendrix promove iniciativas que levam dignidade e cidadania à população em situação de rua
Desde o mês de maio passado, o Instituto Metodista Izabela Hendrix é parte integrante do projeto “Rua do Respeito: todos temos direito a ter direitos”. A iniciativa tem como objetivo a inclusão social e o resgate dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais de pessoas que, por qualquer motivo, viveram ou vivem em situação de rua. Além da instituição, compõem o programa Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas) e Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional.
Para promover os propósitos estabelecidos pelo projeto, o Izabela Hendrix atua em âmbito multidisciplinar e mobiliza cursos de diversos campos do conhecimento com a finalidade de fortalecer ações de promoção e proteção dos direitos desses cidadãos. As atividades têm o intuito de oferecer acesso amplo e permanente a serviços relacionados à saúde, assistência social, trabalho, segurança pública, moradia, entre outras. “Por ser, o fenômeno da população em situação de rua, um problema complexo e multidimensional, ele exige que um número maior de áreas atue”, explica Renato Fontes, coordenador da Extensão Universitária da instituição.
As ações
O curso de Biomedicina já mobilizou alunos e professores na promoção de diversas ações. Aferição de pressão arterial, distribuição de informes de saúde e roda de conversa com mulheres sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) estão entre as atividades realizadas em favor da população em situação de rua. “Os atendimentos permitem a prevenção de doenças com assistência humanizada e dão um pouco de dignidade, cuidado e atenção a essas pessoas que são carentes em muitos aspectos”, afirma Adriana Rodrigues Tristão, professora do Núcleo de Biociências do Izabela Hendrix.
O programa Empregabilidade & Carreira, promovido pela Agência Oriente, ligada ao curso de Administração, estendeu o atendimento já prestado à comunidade acadêmica e também oferece seus serviços ao público do projeto. Para o segundo semestre, o planejamento inclui atuação de docentes e estudantes de Direito, Enfermagem, Ciências Biológicas, além da assistência oferecida pelas Clínicas Integradas de Saúde, associadas aos cursos de Fonoaudiologia e Fisioterapia.
Ganhos pedagógicos
As diversas atividades desenvolvidas geram impactos pedagógicos diretos para os envolvidos. Ao participarem da iniciativa, os graduandos podem aplicar habilidades e competências das disciplinas em atividades práticas. “O projeto permite o contato dos alunos com diferentes públicos e proporciona experiência de trabalho em equipe com caráter interdisciplinar e multiprofissional, já que envolve diversos cursos”, esclarece Adriana Rodrigues Tristão.
Ingredy Gomes atua no Projeto de Extensão Saúde Coletiva e participou das atividades realizadas com os moradores em situação de rua. Sua motivação para participar do Rua do Respeito se deu pela oportunidade de passar e receber conhecimento científico e social. A aluna acredita que a experiência vivenciada nas ações colaborou para seu desenvolvimento em diversos níveis. “Contribuiu para minha formação profissional e social, uma vez que nos deparamos com situações diferentes das quais convivemos. Além disso, pude perceber a importância das ações sociais que proporcionam momentos de cuidado e informações de saúde a essa população”, revelou.
Para Adriana Rodrigues Tristão, a vivência oferecida no projeto traz ganhos pedagógicos importantes e diferenciais para os graduandos. “O aluno passa ter uma visão da realidade da assistência, do acolhimento ao paciente e desenvolve atividades que somam para sua formação e são facilitadores para o aprendizado em sala de aula”, ponderou.
Responsabilidade social
A adesão do Izabela Hendrix ao Rua do Respeito é originada por sua missão institucional de promover um ensino confessional e comunitário. O projeto permite aos estudantes vivenciarem de maneira crítica os problemas sociais vivenciados pela sociedade e compreenderem como suas profissões podem contribuir para o enfrentamento dos problemas. “Para além da formação para o mercado de trabalho, nos preocupamos em formar profissionais críticos e humanos, capacitados para responder, antecipar e criar respostas às adversidades, tensões e contradições de nosso povo”, opina Renato Fontes.
Adriana Rodrigues Tristão entende que ações como as realizadas pelo Izabela Hendrix despertam a atenção para a importância da solidariedade e têm estimulado os estudantes a contribuírem ainda mais com a população em situação de rua. “Os alunos já saíram dos atendimentos pensando em fazer campanhas para aquisição de materiais necessários para essas pessoas e organizando outras atividades”, contou a professora.
A experiência de Ingredy Gomes vai ao encontro das falas dos professores. “Através das atividades realizadas nos formamos como pessoas e profissionais. Se crescemos como acadêmicos, estamos nos preparando para o mercado de trabalho. Se evoluímos individualmente, também crescemos em nossa profissão. Antes de diplomas, somos humanos”, concluiu a estudante.
Dados
De acordo com o 3º Censo de População em Situação de Rua, realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a capital mineira possui 1.827 pessoas em situação de rua. Os dados revelaram que o número de cidadãos que vivem em calçadas, praças, baixos de viadutos, terrenos baldios ou que pernoitam em instituições de apoio (albergues, abrigos, entre outros) aumentou 57% nos últimos 10 anos. Os números também indicam que a vulnerabilidade social dessa população é grande: 94% querem deixar as ruas; 52,2% foram para a rua por motivo de desestruturação familiar; 47,2% por falta de trabalho e 43,6% têm depressão.