Nem essa barbárie vai destruir nossa alma
Nos últimos dias temos dormido menos, sonhado menos, esperançado menos. Nossa dor se une à dor de uma, de duas, de trinta, de mais de 47 mil mulheres estupradas somente em 2014 no país do futebol e do cristianismo.
Seria mesmo lindo se levássemos a vida de forma comunitária, seguindo os preceitos cristãos (e não só estes) e também os preceitos do esporte, do esforço, da conquista, da partilha. Mas, hoje sofremos e choramos. Nossa filha, nossa irmã, nossa prima, nossa amiga, todas representadas na barbárie feita a uma de nós, além de todas aquelas que não foram descobertas ou informadas.
Enquanto isto, muitos jogam futebol na esquina, políticos tramitam leis que limitam os direitos à saúde de mulheres violentadas, governantes recebem “piadistas” do sexo para ouvir dicas sobre educação e ainda propõem retirar direitos salariais dos professores/educadores da nação.
E nossa dor não cessa. Nosso choro não seca. Nosso medo não passa.
Levanto a voz de mulher. Levanto a voz de professora, educadora. Levanto a voz de mãe e de filha. Levanto a voz de lamento e medo. Violência sobre violência, até contra quem ousa vestir cor-de-rosa e defender as mulheres.
Mas, somos o sexo forte e vamos vencer. Amanhã o dia voltará a brilhar e nós nunca vamos nos calar. O amor vai vencer; a justiça, prevalecer; a educação, educar; e a cultura do estupro vai cessar. Precisamos vencer, por nós e por todas as pessoas que virão.
Já começamos!
Professora Márcia Amorim
Reitora do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix