Participantes de projeto de Pesquisa e Extensão do curso de Direito entregam arroz vermelho ao chef Beto Haddad
O Núcleo de Práticas Jurídica Izabela Hendrix (NPJURIH) recebeu a visita do chef e professor do curso de graduação tecnológica em gastronomia do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Beto Haddad, na manhã do dia 16/11 (terça-feira). A visita teve o intuito de entregar o arroz vermelho, produzido pela comunidade Quilombola de Cachoeira dos Forros, na cidade de Passa Tempo (MG), para que o chef cozinhe e crie uma ficha técnica para o arroz.
O professor sugeriu a criação de uma ficha técnica para que seja inserida na embalagem de venda do produto. Segundo ele, as informações contidas seriam o tempo de cocção, fator de absorção e a quantidade de água. Assim, ele fará um estudo para chegar a essas informações, “o desenvolvimento da ficha técnica é experimentar o produto”, explica Haddad.
A egressa e pesquisadora na comunidade Quilombola, Marcia Paranhos, acredita que essa ficha técnica que será desenvolvida pelo chef é bem-vinda, já que o produto não possui tais especificações. A comercialização do arroz vem sendo feita em pequenas escalas, visto que a produção ainda é pequena e necessita de informações técnicas.
A ideia inicial do projeto é que o arroz receba o selo de reconhecimento e aplicar a proteção de propriedade intelectual ao produto. Assim, é importante que o arroz seja padronizado e siga no processo da gastronomia para aprovação do selo.
Projeto de pesquisa e extensão
O plantio do arroz vermelho faz parte do projeto de pesquisa e extensão “Direito ao Desenvolvimento como Direitos Humanos das Comunidades Tradicionais: a proteção da propriedade intelectual da biodiversidade e dos conhecimentos tradicionais” que vem sendo desenvolvido pelos alunos, professores e egressos do curso de Direito, e também em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER-MG).
A professora Carine Diniz, que coordena o projeto, explica que o objetivo do projeto é “fomentar o cultivo e a comercialização do produto, utilizando-se da inovação como instrumento para aumento da produtividade e qualidade agrícola do produto em comento, para desenvolvimento da economia local com base na sustentabilidade e nas inovações socioambientais e mercadológica”.
Assim, valorizar a produção e o plantio do arroz vermelho, é apenas o primeiro passo dado na comunidade Quilombola já que outras ações estão sendo organizadas. “Está em andamento a construção da Padaria Comunitária com a finalidade de propiciar inclusão produtiva, autonomia, empoderamento, com valorização da cultura, aumento da renda familiar e melhoria da qualidade de vida de mulheres e jovens do Quilombo de Cachoeira dos Forros”, explica a professora Carine.
Outra preocupação do projeto é envolver os jovens da comunidade para que sejam mantidas as tradições e que a cultura do plantio do arroz não se perca. “É preciso haver um trabalho de conscientização para que as próprias pessoas de lá continue o trabalho iniciado pelo senhor Antônio, e permaneçam na comunidade”, avalia Márcia.
O senhor Antônio Miguel da Silva é o agricultor responsável pelo plantio do arroz vermelho. Ele começou com a produção do arroz, em 2013, com meio copo cheio de grãos que foram cedidos pela esposa Maria da Silva. Os dois plantavam e colhiam sozinhos, e a produção era destinada ao consumo dentro da comunidade.
Durante o ano 2020, o agricultor passou por dificuldades por conta da pandemia e acabou ficando sem auxílio para a época do plantio que acontece entre outubro e dezembro. Assim, a safra de 2021 acabou ficando prejudicada e não foi possível a produção desejada para comercialização.
Herança africana
O arroz vermelho, plantado na Comunidade de Cachoeira dos Ferros, chegou ao Brasil por meio dos africanos. A pesquisadora Márcia explica que o senhor Antônio e a senhora Maria contam que esse arroz foi trazido pelos pais dela que escondiam os grãos nos cabelos das crianças e das mulheres escravizadas que vinham nos navios. A partir daí esse arroz era plantando no meio do arroz branco e se tornava alimentos para as pessoas escravizadas.
Durante a reunião foi sugerida uma visita ao Quilombo, dos alunos do curso de Direito junto com o Senac, para que os alunos do professor Beto Haddad preparem o arroz junto com a comunidade. “Lá eles coziam o arroz com suã, fazem galinhada e bolinho de arroz”, explica Márcia. O chef Beto Haddad sugeriu a criação de pratos mineiros com o arroz vermelho.
Participaram da reunião o chef Beto Haddad; a professora do curso de Direito, Carine Diniz; os egressos Márcia Paranhos e Gustavo Machado e o advogado do NPJURIH, Giovane Oliveira.