Extensão
As políticas de ensino, pesquisa e extensão estão direcionadas para as necessidades atuais da sociedade, no que diz respeito à formação e atuação profissional, produção e divulgação de conhecimentos. Essas necessidades devem ser sentidas e apontadas pela própria comunidade acadêmica, atenta à dinâmica cultural e política da sociedade em que se insere. As diretrizes de uma Política de Extensão Universitária devem ser subsidiadas pelo olhar reflexivo desta comunidade para as realidades sociais, suas potencialidades, necessidades e desejos. Este olhar deve ser gerador de propostas, que de fato contribuam para o desenvolvimento social.
Conforme Oliveira (1994), a universidade se apropria de conhecimento consagrado, produto do esforço da história da humanidade e, por isso, deve ter compromisso com o retorno social que lhe compete, pois sua matéria-prima é um bem público. O conhecimento (fenômenos e experiências) de seu tempo e da comunidade onde está inserida deve ser colhido, sistematizado e disseminado, para ser transformado em conhecimento novo. É necessário que a universidade avalie suas necessidades conjunturais, em busca de um projeto que considere a sociedade em que se inclui.
Considerando a reestruturação do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix a fim de garantir sua missão, esta Política de Extensão reflete a compreensão de seus compromissos sociais e sua leitura atual sobre a realidade social no Brasil, no mundo e mais especificamente em sua área de abrangência. No sentido de pensar global e agir localmente, o Izabela vem ao longo de sua história agindo sobre a formação de cidadãos que sejam capazes de intervir profissionalmente com responsabilidade social nos ambientes compostos pelas mais diferentes culturas e realidades. Desta forma, a instituição se compromete com o desenvolvimento local, preparando os futuros profissionais para atuarem como agentes de transformação social. Portanto, faz-se necessário que o respeito e a valorização da pluralidade cultural seja um dos princípios norteadores da extensão universitária.
Marins (1995) afirma que “o melhor investimento que uma sociedade jamais poderá deixar de realizar é aquele que se concentra no homem” (p.22). Para o autor, a Universidade deve lançar no mercado de trabalho recursos humanos que contribuam para a superação da crise e do subdesenvolvimento. Mesmo que o conhecimento seja produzido e veiculado de forma semelhante, na maioria das instituições, o método para se buscar, analisar e divulgar os saberes científicos deve ser próprio de cada uma, individualmente influenciada por fatores sócio-culturais da comunidade em que se insere. Dessa forma, a universidade estabelece uma identidade frente à diversidade cultural quando valoriza o modo de ser e de fazer de sua cultura e respeita o modo de ser e fazer das outras culturas.
Por isso, o saber científico deve estar próximo do saber popular, buscando um diálogo em que ambos os conhecimentos sejam reconhecidos em sua importância. Não deve ser destacado um como superior ao outro, mas a relevância social de ambos deve ser compreendida. O educador mineiro Rocha (2003) ao se posicionar a este respeito, diz que estes conhecimentos podem ser “antagônicos muitas vezes, complementares outras, não opostos necessariamente, auto-suficientes nunca. Ambos importantes porque permitem e possibilitam uma
compreensão mais profunda e mais rica do ser e da cultura humana”.
A extensão universitária deve se configurar na interação universidade e sociedade, como um sistema aberto de realimentação do processo de formação superior. Para Buarque (1994), a extensão é necessária para que a comunidade acadêmica conheça o mundo externo ao campus, e para que a comunidade externa conheça o mundo acadêmico. Esta convivência com o pensamento não acadêmico é uma condição para que aconteça o avanço do pensamento dentro da universidade, pois, a partir deste contato, a pesquisa e o ensino poderão ser
mais incisivos.
A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão torna esta última, parte do processo de construção e socialização do conhecimento que é peculiar à academia, não sendo nem o apêndice da atividade acadêmica nem o carro chefe. O Izabela deve tirar da sua própria área de abrangência a motivação para a extensão e sua interação com a pesquisa e o ensino. Demo (1994) ao citar Oliveira, afirma que a missão da universidade é apontar os caminhos do desenvolvimento, considerando as oportunidades históricas. Por exemplo, percebe-se que atenção à mulher, vocação histórica do Instituto Metodista Izabela Hendrix, é um exemplo de que esta instituição tem potencial para o atendimento a grupos específicos. Isto revela um potencial de ação que não deve ser esquecido, mas os sentidos desta tradição devem ser preservados e ressignificados.
O Izabela vem se configurando como uma instituição de vanguarda ao propor junto aos grupos sociais menos favorecidos e aos movimentos sociais ações de transformação social, que superam a mediocridade do assistencialismo e oportunizam uma justa inserção destes grupos nos diversos setores da sociedade promovendo uma melhoria das condições de vida. As ações de extensão devem primar pela formação humana, sócio-política e ambiental, expandindo seu caminho para a questão social e cultural através da interação com a sociedade, num constante processo de avaliação sobre como o Centro Universitário tem enriquecido a sociedade em que atua.
Neste sentido, deve-se garantir aos discentes em formação o acesso à produção cultural artística, pois compreende ser fundamental para garantir o papel educacional da universidade. Este acesso tem como objetivo “capacitar o aluno ao posicionamento crítico e ao debate de idéias, através da cultura; formar agentes culturais e público de cultura; trabalhar por uma transformação da mentalidade, por uma abertura de visão do mundo dentro e fora dos limites dos campi” (FAC: 2002, p.3).