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Entrevista | Professor da University of Virginia fala sobre o mercado e atuação do cientista de dados

por Isabela Carvalho publicado 10/08/2018 13h03, última modificação 21/08/2018 19h57
Entrevista | Professor da University of Virginia fala sobre o mercado e atuação do cientista de dados
Mineiro, natural de Belo Horizonte, formado em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutor em neurociências pela mesma instituição, Hudson Golino é professor de Métodos Quantitativos do College and Graduate School of Arts and Sciences - University of Virginia (EUA). Atua no desenvolvimento de novos modelos estatísticos e computacionais para solução de problemas em análise de dados multivariados. Em 2017 fundou o Creative, Innovative and Transformative (CreITive) Data Lab na University of Virginia, que tem como principal missão profissional transformar e aprimorar a sociedade por meio da Ciência de Dados.
 
Por meio de uma parceria entre o Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix e a University of Virginia, o professor visitou, entre os dias 2 e 9 de agosto, a instituição e ministrou palestras para os alunos do curso de Ciência de Dados e interessados em tecnologia. Em entrevista, Hudson falou um pouco sobre as perspectivas de mercado para o cientista de dados e o pioneirismo do Izabela Hendrix em fundar a primeira graduação na área do Brasil.  
 
Izabela Hendrix: Qual sua formação inicial e como você começou a atuar na área de Ciência de Dados?
Hudson Golino: Minha formação inicial é em psicologia. Na psicologia no mundo todo e, no Brasil não é muito diferente, apesar de ser menos frequente, existe um ramo que é ramo muito voltado para a modelagem estatística e matemática. Essa área é chamada de psicologia quantitativa ou métodos quantitativos. Existe também uma subárea chamada Psicometria que tenta modelar matematicamente processos de comportamento e processos mentais. Eu comecei a trabalhar na área no meu primeiro ano de faculdade junto com o professor Cristiano Gomes, que é psicometrista. Então, do primeiro ano da faculdade até meu último ano de doutorado, eu trabalho totalmente nesta área.
 
IH: Como surgiu a parceria com o Izabela Hendrix?
HG: Surgiu quando começaram a divulgar o curso de graduação em Ciências de Dados. Eu havia me mudado para os Estados Unidos para trabalhar como professor na Universidade da Virginia e vi propaganda do curso do Izabela. A partir disso, entrei em contato com o coordenador, o professor Neylson, falando que queria visitar o curso quando viesse ao Brasil. A ideia era ver como implementar possíveis parcerias acadêmicas e institucionais.
 
IH: Como você enxerga o pioneirismo do Izabela em criar a primeira graduação em Ciências de Dados do Brasil?
HG: Eu acho ousado e ao mesmo tempo extremamente estratégico. É uma área que tem tudo para crescer muito e, ao mesmo tempo, ela demanda mais tempo de formação do que simplesmente uma pós-graduação. Então, um curso de graduação feito com calma, dá tempo suficiente de formar bons profissionais na área e o mercado tem uma demanda absolutamente gigante para isso. Então acho super válido.
 
IH: Qual a perspectiva de mercado você enxerga para o cientista de dados no Brasil e fora do país?
HG: No Brasil as pessoas ainda não conhecem. As empresas ainda não sabem direito o que é. À medida que elas forem tendo mais exemplos de fora, acho que tende a crescer muito o mercado, mas ele já existe, já é grande. Talvez não com essas palavras exatamente, mas as empresas já sabem que o novo produto valioso de hoje não é mais a mercadoria em si, é a informação, é o dado. Então, se você tem o dado e o dado vale muito, você precisa de um cientista que consiga trabalhar com esse dado para poder trabalhar com esses produtos. Nos países desenvolvidos, principalmente na América do Norte, na Europa e Oceania, o mercado é super aquecido. Tanto que, por exemplo, na universidade da Virginia a gente tem um mestrado profissionalizante em Ciências de Dados, que tem um ano e meio de duração, e já no primeiro semestre, 98% dos alunos são contratados por grandes empresas, com salários médios, duas vezes superior ao que eles gastam de investimento no mestrado profissional, o que é muito dinheiro.
 
IH: De que maneira as palestras e a visita à instituição valorizam o profissional formado pelo Izabela Hendrix?
HG: Acho que mostra que a Instituição está preocupada em fazer contatos e estabelecer parcerias para desenvolver coisas novas aqui. Isso valoriza muito, abre a possibilidade de intercâmbio para alunos e professoras. Além de novas oportunidades de estágio e desenvolvimento de novas empresas, que possam vender produtos relacionados à ciência de dados.
 

IH: Qual sua mensagem para os estudantes do Izabela Hendrix que estão cursando a graduação?
HG: Como toda área nova, os pioneiros vão ter que desbravar muita coisa, “cortar bastante capim” como dizem. Acho que a mensagem principal é a que como toda terra nova, que vale alguma coisa, os primeiros geralmente saem em vantagem, apesar das dificuldades. Acho que é um bom momento para começar na área.

Saiba mais sobre as palestras do professor Hudson Golino no Izabela Hendrix: