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Alunos de Psicologia realizam visita técnica ao Museu da Loucura

por Isadora Caccia publicado 30/06/2022 16h55, última modificação 30/06/2022 17h00
Alunos de Psicologia realizam visita técnica ao Museu da Loucura

Os alunos do curso de Psicologia do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix visitaram o primeiro Hospital Psiquiátrico de Minas Gerais, conhecido como Hospital Colônia de Barbacena.

A visita ocorreu no dia 29 de maio, sendo coordenada pelas professoras Ariany Magalhães Leandro e Bianca Ferreira Rocha, docentes do curso de Psicologia. Os alunos e professoras foram recebidos por um funcionário que conduziu a visita pelo museu e também explanou sobre o espaço de memória da atenção psiquiátrica, conhecido como Museu da Loucura.

Os alunos mostraram-se muito satisfeitos com a visita técnica. A visita é parte integrante das atividades de extensão que contribuem na formação acadêmica, profissional, cultural e também na reflexão por melhores condições e qualidade do atendimento para indivíduos com a saúde mental fragilizada.

O Museu da Loucura funciona desde 1996 e possui fotos, documentos e reportagens, preservando a história do manicômio com o intuito de levar a sociedade a aceitar e acolher o paciente em sofrimento mental, bem como contribuir com estudantes e profissionais da saúde sobre a importância do atendimento humanizado.

O Hospital Psiquiátrico de Minas Gerais foi fundado em 1903 em Barbacena. Ao longo de mais de seis décadas, o Hospital Colônia de Barbacena passou a representar a exclusão e abandono de diversas camadas da sociedade. Em meio ao preconceito e imposições políticas, milhares de internações ocorreram de forma compulsória: moradores de rua, prostitutas, dependentes químicos, desafetos políticos, esposas, filhas ou amantes indesejadas, tuberculosos, marginalizados, e em sua minoria, doentes mentais, eram internados no local.

Em um cenário desolador, todos pacientes eram abandonados à própria sorte. O hospital contava com poucos recursos financeiros e um número altíssimo de internos e enfermos. O atendimento era deplorável, com alta taxa de mortalidade. Nessa condição, os internos dormiam em colchões de palha ou mesmo no chão, em meio à sujeira, dejetos humanos e insetos, além de relatos de abusos físicos e sexuais.

Em 1979, ocorreu o III Congresso Mineiro de Psiquiatria, em que psiquiatras e outros profissionais da saúde discutiam os modelos de assistência à saúde. Como convidado desse congresso, o psiquiatra italiano Franco Basaglia, em visita ao Brasil, comparou o Hospital de Barbacena a um “campo de concentração”. Basaglia incentivou o movimento de reestruturação do modelo de atendimento, de forma a oferecer atendimento digno e humano.

Ainda em 1979, o cineasta Helvécio Ratton lançou o documentário “Em Nome da Razão”, sobre a vida dentro do hospício. A partir desse momento diversos jornais passaram a denunciar os absurdos que se passavam no local. As denúncias surtiram efeito e as autoridades foram pressionadas a tomar providências. Profissionais que participaram do congresso foram designados para reestruturar o Hospital em um trabalho de resgate da cidadania e reinserção social dos internos. Atualmente o local é um hospital que oferta atenção integral aos pacientes, promovendo atenção à saúde.

O movimento de resultou na reorganização dos espaços de atenção à saúde mental: novos espaços foram criados, ofertando assistência por meio de equipe multidisciplinar que busca potencializar os cuidados e ampliar o bem-estar e autonomia dos sujeitos.

    

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